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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Carne com hidróxido de amônio? OMG, Jamie Oliver!

almondega de carne de hamburguer recheada Carne com hidróxido de amônio? OMG, Jamie Oliver!

No fundo no fundo, a gente se preocupa com o que come. É, porque pode até ser que a gente coma alguma coisa mesmo que tenham dito que faz mal, que é feito de alguma matéria-prima nojenta. É bem verdade que “o que os olhos não vêem, o coração não sente”. Agora, quando a gente vê… A coisa muda.

Eu gosto de cozinhar (você já sabe) e quanto mais eu aprendo, mais me sinto responsável pela qualidade do alimento que consumo. Aos poucos, você começa a reparar na comida do restaurante, porque você sabe fazer e sabe o que pode ter de errado ali. Você começa a ter consciência de quanto a comida de fora de casa pode estar suja, porque sabe exatamente o quanto ela fica, ou não, exposta a todo tipo de contaminação e imundices durante o preparo.

Para ilustrar a situação, vamos usar como exemplo aquela empadinha que você ama comer por 1 real na barraquinha da rua. Você vai começar a pensar na mão que faz a massa, na ponta dos dedos (lê-se “unhas”) que modelam a massa no fundo das forminhas e na própria forminha que é usada, que não é descartável. Vai pensar na pia, na origem dos ingredientes, no armazenamento e por aí vai.

Eu sei que tem quem diga: “Ah, mas aí é muita paranóia”. Não é, vai por mim. Acontece naturalmente. E aí você se torna responsável pelas suas escolhas, sabendo que está fazendo uma escolha!

Ano passado eu postei aqui um video em que o Jamie Oliver mostrava como os nuggets são feitos, para crianças estudantes americanas. Se você me disser que é muita paranóia parar de comer nuggets depois de assistir ao video, eu não sei o que te responder.

O video é de um programa de TV do chef e apresentador britânico, o “Food Revolution“, onde ele mostra a verdade sobre os alimentos populares nos Estados Unidos, que são servidos nos refeitórios das escolas do país. Na frente de um público que assiste de queixo caído, ele reproduz as receitas dos alimentos consumidos largamente pelos americanos.

É pela saúde das crianças americanas, obesas e mal nutridas que Jamie quer mobilizar todo o país (e o mundo) e fazer as pessoas voltarem a cozinhar e se alimentarem de forma consciente e saudável.

Esta semana eu me deparei com diversas matérias pela internet falando de mais uma revelação do Jamie Oliver, mas desta vez com consequências relevantes. Ele mostrou como são processadas as carnes de algumas redes de fast-food americanas e, acredito que não por coincidência, o McDonald’s dos Estados Unidos anunciou que mudou a receita dos seus hambúrgueres.

Foi mais um video do programa Food Revolution, que você pode assistir em inglês agora mesmo:

Confira algumas das publicações que pipocaram na internet nos últimos dias:

Veja: McDonald’s muda receita após denúncia de Jamie Oliver

Carta Capital: Campanha de Jamie Oliver faz McDonald’s mudar receita de hambúrguer

Exame: McDonald’s muda receita após denúncia de Jamie Oliver

Quando assisti ao video, fiquei com o estômago embrulhado e quase não acreditei no que eu vi. Fique claro que tudo isso se refere às redes de fast-food dos Estados Unidos, mas é impossível não pensar na possibilidade de estarmos comendo a mesma coisa aqui no Brasil.

Quando ele descreve o preparo do que chama de “lodo rosa“, explicando que as sobras de carne gordurosas (que só poderiam virar comida para cachorro),  são centrifugadas e lavadas com uma solução de hidróxido de amônio e água (para serem consumidos por humanos), eu só penso em uma experiência que tive meses atrás criando uma receita com carnes de hambúrguer.

Olhe para esta foto que tirei com o meu celular:

almondega de carne de hamburguer recheada Carne com hidróxido de amônio? OMG, Jamie Oliver!

Essa almôndega recheada parece bem deliciosa, não parece? Parece também que foi feita de carne moída, não é? Pois então vou te contar como foi feita – por mim mesma.

Estava querendo comer alguma coisa que não fosse hambúrguer, farofa pronta e batata palha, que era tudo o que eu tinha em casa para me alimentar nas minhas primeiras semanas morando sozinha (eu sei que te decepciono assim, mas eu também sofri um choque alimentar quando me vi realmente sozinha na minha cozinha pela primeira vez). Foi quando peguei as carnes de hambúrguer congeladas (dessas que compramos prontas) e resolvi fazer almôndegas com elas.

Parece uma idéia ótima, afinal de contas era só mudar o formato da carne. Para isso, deixei descongelar.

Qual foi minha surpresa quando desmanchei as “carnes” e o que encontrei foi uma pasta rosa muito da nojenta que mais parecia um patê de presunto do que carne moída. (Faça o teste para ver do que estou falando.)

Fiquei muito impressionada em ver que aquela coisa pastosa era o que eu pensava ser a típica carne moída que estamos acostumados a comer. Na verdade é o que os fabricantes dizem: “feito com carne moída”, não é um delírio coletivo! (Convencionei que toda carne moída tem o mesmo aspecto, e você?)

Parecia mesmo um patê de presunto e era pegajoso, grudava nos dedos. Não teria como fazer bolinhas com aquilo.

Fiquei com nojo mas pensei: “eu já como hambúrguer a torto e a direito e isso aqui nada mais é do que a mesma carne de  hambúrguer, só que descongelada e desconstruída.” Foi difícil me convencer com essa idéia, fiquei encarando a coisa rosa um tempo, mas sabe aquela frase “é o que tem pra hoje”?

Misturei uns temperos e um farelo de batata que tinha na despensa (industrializado, para fazer purê), para dar liga. Fiz a coisa virar uma massa modelável e preparei as bolinhas recheadas com queijo.

Vou confessar que ficou uma delícia mas não podia pensar naquela pasta rosa enquanto comia, senão voltava tudo.

Não estou acusando as marcas brasileiras a fabricarem suas carnes de hambúrguer da forma que o Jamie Oliver mostrou, apenas me lembrei do fato, que inclusive não me fez parar de comer essas coisas. Espero nunca descobrir que aquela pasta era o que ele chamou de “lodo rosa”, porque eu fiquei com nojo quando me deparei com ela mas não apavorada como quando assisti ao video, simplesmente porque não sei, mesmo, do que ela é feita!

Até penso que se fosse realmente um patê (em vez de carne) em forma de carne de hambúrguer, seria aceitável! Só diria, nesse caso, que o produto não deveria ser vendido como “carne de hamburguer”, assim poderíamos fazer nossa escolha consciente.

Parece razoável?

Bom, e o que tudo isso tem a ver com o Socorro na Cozinha?

É que eu divido muito minhas experiências aqui, mais do que você imagina. Quando eu adianto uma dúvida que poderá surgir na sua cabeça enquanto prepara alguma receita pela primeira vez, é porque já me vi no seu lugar um dia. Da mesma forma, acho legal falar do que me orienta nas minhas escolhas culinárias. É assim quando falo que o leite condensado da Nestlé é insubstituível, a mesma linha de raciocínio.

Como eu disse, não sabemos nada sobre a fabricação das carnes de hambúrguer dos fast-food brasileiros e daquelas vendidas congeladas (apenas que dizem serem feitas de “carne moída” e não de “carne processada”).

Por outro lado, a essência do projeto do Jamie Oliver é incrível! Vamos começar a prestar atenção no que comemos, sentir os sabores, os cheiros, as texturas, apreciar o frescor do alimento e preparar nossas refeições. É divertido, mais barato e muito saudável.

Conheça o site do projeto Food Revolution.

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